sexta-feira, março 18, 2005

Diário de um pároco de aldeia

Ontem teve mais uma reunião de nosso cineclube.

... e cadê a sinopse da última reunião, no dia 3, passado?

Apenas para cumprir a "parte burocrática", já que os cinéfilos, críticos e literatos não se dispuseram a escrever, aqui vai, sem qualquer análise, alguma coisa sobre o filme “Diário de um pároco de aldeia”. Quem sabe agora, saem alguns comentários...


Diário de um pároco de aldeia (Journal d'un curé de campagne). Direção: Robert Bresson. Com: Claude Laydu (Padre de Ambricourt); Jean Riveyre (Conde); André Guibert (Padre de Torcy); Rachel Bérendt (Condessa); Nicole Maurey (Srta. Louise); Martine Ladmiral (Chantal).

França, 1951.

O roteiro de "Diário de um Pároco de Aldeia", escrito por Robert Bresson, foi a terceira adaptação do livro de George Bernanos. As duas anteriores não chegaram a ser filmadas.
Essa última versão foi a mais fiel à história original, mas Bresson passou ainda um ano visitando monastérios para melhor caracterizar o pároco da história.
Embora o filme original tivesse 160 minutos, Bresson foi forçado pelos distribuidores a cortar 40 minutos. Ainda assim, permaneceu uma obra de grande impacto.
O filme recebeu o prêmio especial do júri no Festival de Veneza no ano da produção. (Grupo Estado - 2000)

Como não me arrisco em seara alheia, leia mais:

http://www.ipv.pt/forumedia/f2_idei4.htm


http://www.contracampo.com.br/42/entrevistapaulojose.htm

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

“Diário de um pároco” é fundamentalmente um filme sobre a angústia. Angústia, fruto da não inadequação de um destino individual a seu destino histórico. Angustia maior porque as razões dessa inadequação não são compreendidas por aquele que delas padece.
O pároco é jovem, inexperiente, puro. Ele tem a inocência e o idealismo daqueles que se crêem investidos de uma missão. A sua é restrita a representar a igreja em uma pequena aldeia do interior da França. É isso e tão somente a isso que lhe destina a Instituição Eclesiástica. Representar significa dar continuidade às suas alianças históricas com a aristocracia feudal, no intuito de manter os equilíbrios sociais milenares que persistem no meio rural. Mas ele sofre de um mal maior do que seu mal de estômago crônico: ele vê grande, se sente mais próximo do povo do que do aristocrata – povo do qual descende – raízes sociais que determinam por uma transmissão quase que genética sua condição de alcoólatra padecendo de um mal que lhe chega do ventre de sua mãe, alcoólatra. Seu destino está traçado, ele morrerá do mesmo mal que sua família e por suas origens de classe está predestinado a ser um marginal, mesmo dentro de uma instituição como a católica. Assim é quase que uma intuição, não lhe é suficiente manter a ordem social, é preciso evangelizar novamente esta massa rural, mas não só, é também necessário purificar a aristocracia de suas perversões, de seus desvios para em última instância preservá-la do desaparecimento.
É essa visão maior que faz dele um predestinado ao sacrifício. Considerado perigoso pela aristocracia, mas também rejeitado pela hierarquia eclesiástica, o jovem pároco não tem lugar nesta sociedade e nem este é o seu tempo. Primeira inadequação. Mas também não se sente parte de um movimento mundial, definido e legítimo aos olhos da história. Com efeito, o catolicismo social está supostamente em seu início, Ele é apenas um visionário mas sem consciência clara de seu papel. Seu caminho é de pedra, o isolamento progressivo e com o tempo praticamente total e sua composição física não é a de um resistente. Não suporta, só, o peso de seu destino histórico, ele é fraco, humano, não tem a solidez do herói. O tempo é implacável, só a natureza pode refletir a intensidade de seu imenso sofrimento, e o único instante de felicidade se resume à ilusão de compartilhar uma existência banal, ser como esse jovem livre que acelera sua motocicleta. É a sensação de liberdade total que precede a morte, talvez porque é esta que o liberta definitivamente de seu destino trágico.
Tudo no filme é feito para sensibilizar o espectador a esse sacrifício, o próprio recurso do diário nos faz compartilhar essa progressiva autodestruição; suas angústias são as nossas. O objetivo é claro; legitimar a corrente do Catolicismo Social, representá-la como um movimento composto de pessoas assim, frágeis e ao mesmo tempo engajadas em fornecer uma nova versão religiosa, mais próxima do povo. E mostrar essa corrente da igreja através um de seus heróis anônimos, nada mais eficaz....Seria o Catolicismo Social realmente um movimento produzido pelo idealismo de alguns jovens párocos ou algo muito maior que os ultrapassa, uma tentativa de renovação da religião que não está nem tão alheia da hierarquia religiosa nem das verdadeiras fontes do poder....

segunda-feira, março 21, 2005  
Blogger Roberto said...

Puxa, que comentário bom! Abriu meus olhos para diversos aspectos do filme que eu não teria nem imaginado. Acho que vou pedir o filme ao Julio para ver de novo...
De fato, são muitas questões a serem pensadas; a que está agora na minha cabeça, enquanto escrevo, e acho que por ser a mais simples, tem a ver com a estratégia de divulgar o Catolicismo Social através de um personagem tão frágil, tão anti-herói. Será que funciona? Estou pensando, ainda não cheguei a conclusão alguma, se é que vou chegar.
Mas gostei muito do comentário. O(a) autor(a) faz muita questão do anonimato?

sábado, abril 02, 2005  
Anonymous Anônimo said...

I want not acquiesce in on it. I over nice post. Especially the designation attracted me to be familiar with the intact story.

sexta-feira, janeiro 15, 2010  
Anonymous Anônimo said...

Good dispatch and this mail helped me alot in my college assignement. Thanks you seeking your information.

terça-feira, janeiro 19, 2010  

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